
Pelo ritmo do som que a campainha soava adivinhava a expressão que mentalmente se antecipava, recorrente. Sabia exactamente o que se ia passar.
O bater dos tacões ecoa decidido pelo prédio, abro-lhe a porta e encosto-me confortável á tua espera. Sorrio sem querer quando te vejo e desvejo na sombra das lampâdas fundidas do corredor que atravessas num ritmo de embalar paredes que sorriem na esperança que tu também. Mas não, hoje não. Deixas-me no corredor, atravessas a porta com um trejeito no corpo que te afasta de mim, como quem diz não me toques antes que o atrevimento me assaltasse, te agarrasse e a amnésia se apoderasse das intenções e as trocasse pelas minhas. Fechei a porta de repente de toneladas, apaguei as velas que acendo para mim não fosse entendido como uma provocação e até nos fixarmos nas púpilas onde adivinhavamos o que queremos ouvir escondidos pela chavena de café que se engole a avaliar o terreno, deu-me três sins, um obrigado. Depois, lembro a sensação de olhar já sem ouvir e sentir.
Sentir que falta tão pouco.