
Enquanto a luz do sol se esgotava num sem fim de côres na paisagem, como se desenhada segundo a segundo para que eu me abstraísse da sensação que um só olhar provocou e me empurrava para o nada quando tudo o olhar podia constactar. Estava numa varanda com saída para a praia, atrás de mim um vidro que me separava da cama onde um corpo misturado em lençois brancos dormia satisfeito. De costas para o som da praia deserta lembrava como ali tinhamos chegado e por onde para isso tinha passado e as pessoas improváveis com que me cruzei. Enquanto entrava no quarto branco e anulava os reflexos da paisagem no corpo que no meu sentia o cheiro, passavam, leves, os momentos que ali nos trouxeram, como o lençol com que agora desenhava o corpo que dormia, perfeito o contraste da côr da pele com o branco do tecido com que brincava.
Mas voltava aquele olhar como que colado cá dentro naquele momento em que o dia começara.
